MEU CRIME?

Por: Augusto Cury (O vendedor de sonhos)

Meu crime?
Hoje sou um maltrapilho.
Mas, como alguns de vocês, amei o dinheiro acima das pessoas; os números eram meus deuses.
Era um menino no teatro do tempo e não me abismava com o fenômeno da existência.
Estava morto enquanto vivia, jamais fizera um inventário da minha vida, nunca falei da minhas lágrimas aos meus filhos para que aprendessem a chorar as deles, nunca lhes falei dos meus medos para que eles enfrentassem os deles, nunca lhes falei dos meus erros para que eles aprendessem a superar o deles.
E quando pensava em fazer tudo diferente, quando sonhava em abraçá-los, pedir desculpas, sair da minha prisão psíquica, o tempo me traiu. Meus filhos morreram em um acidente de avião em uma grande floresta.
Quem pode saldar essa dívida por mim? Que lei? Que presídio? Que psiquiatra? Que amigos? Que soma de dinheiro?
Eu sou culpado e não posso me esconder disso.
Não busco compreensão, compaixão nem alívio.
Busco a mim mesmo.
Sou um caminhante. 
Não há oásis em meu deserto, preciso criá-lo para sobreviver e me refazer.